ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Que nem eu


Um dia você abrirá os olhos, que nem eu. Acordará em qualquer lugar, suponhamos que aqui, neste triste espaço íntimo, parte do seu todo, objeto de repouso invisível, que nem eu. Por esta vez dirá, terei que esperar, e sentada, esperará. Então você pensará em contar, um, dois, três, até quanto acreditar que possa demorar. Mas não contará. E você pensará, não tenho paciência em contar, mas já que estou sentada, vou esperar sem calcular o tempo. Mas você não terá calma nem tempo para regular. Estará impaciente, calculando inconsciente toda espera, e tentará não pensar nisso, e possivelmente dirá, não sei há quanto estou aqui, mas vou ficar imóvel, talvez em transe a fila ande, e aí tudo aconteça sem perceber, e assim você fica. E quando se mexer, novamente, um pouco antes do então, num gesto singular, não haverá mais animação nem pausas para simular o alimento no deserto. Nem tempo para esperar. Estará excessivamente sozinha, e então você será como eu, depois nunca mais.

5 comentários:

Cassandra disse...

Bom dia!

Muitas leituras, muitos lugares in-comuns... No contexto, sossego é impressão. Elemento estético e enganador... aparência porventura ligada à solidão. Impressão de uma grande imobilidade, uma espera forçada por uma coisa qualquer. Há como que um ambiente simultaneamente pesado (angústia) e leve (indefinição).
Lindo....
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Achou tudo isso?
Pois é...
Cada vez que volto a ler também acho diferente... E o mais curioso, quase nunca é aquilo que é... Que bom!
Beijo!

Cassandra disse...

Bom dia!

A cultura brasileira expressa uma certa plasticidade, abrigando diferenças, assegurando liberdade de manifestação de uma rica diversidade literária. Privilegia a liberdade e enaltece as criações.
Escrever é fenômeno sobrenatural, é dom, é talento. Escrever bem é para poucos. Ser reconhecido, para muito poucos.
Parabéns, de coração!
Ficamos felizes por poder compartilhar este momento com voce.
E não esquece: escreve sempre escritor, que estamos aqui para "ouvi-lo".
Obrigada.
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Cassandra:
Hoje (terça-feira) coloquei a matéria e fotos da premiação.
Obrigado por compartilhar desse momento.
Beijo!

Cassandra disse...

Sempre!
Nos sentimos orgulhosos, felizes e honrados.
As fotos ficaram ótimas!
Parabéns novamente...
Beijo.

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