ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Exercícios da Ausência fala sobre as formas de falta

Com dedicação a todo tipo de ausência, o escritor Gabriel Gomez lança no dia 6 de abril, o livro: “Exercícios da Ausência”. A obra, com ilustrações da artista plástica Rosely Siebert mostra, em forma de poesia, as faltas de várias formas, como de corpo, palavra e gestos. A introdução é de um dos maiores poetas catarinenses: Alcides Buss.
O lançamento oficial será a partir das 19h, na Galeria de Artes Arno Georg, na Fundação Cultural de Rio do Sul. O livro será apresentado à comunidade em uma das homenagens que o município recebe pelos 80 anos.

Veja o restante da matéria publicada no jornal O Riossulense AQUI.

domingo, 27 de março de 2011

Exercícios da Ausência


Jorge Luis Borges, num curso que deu nos Estados Unidos, evocou Santo Agostinho, num dito famoso sobre o tempo, para dizer que sabia o que é a poesia, mas se lhe perguntavam, já não sabia. Este fato me vem à lembrança com este Exercícios da Ausência. E me parece que a associação tem tudo a ver. Primeiro, o poeta Gabriel Gómez é admirador e estudioso de Borges. Depois, principalmente, exercita a poesia como uma indagação aprofundada sobre a vida, a linguagem e a própria literatura.
Nas entrelinhas dialoga com seus fantasmas, incluindo diversos bruxos na arte de escrever, sobretudo os argentinos. Neste sentido, reafirma a ideia de que escrever é sempre, de alguma maneira, reescrever. Tal como Borges, sabe que a poesia, em sua face misteriosa, é um capricho da alma humana, muitas vezes nada mais do que isto.

Alcides Buss


Exercícios da Ausencia
128 páginas, Design Editora.
Contracapa: texto do poeta Alcides Buss.
Com desenhos e aquarelas da artísta plástica Rosely Siebert
e A. Lupara.
Lançamento: 6 de abril, Fundação Cultural de Rio do Sul.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Pai...

Digo pai
e abro novamente as gaiolas
dos pássaros que não sabiam
que não ias voltar
(quem cuidaria deles naquela noite?),
porque tinhas caído na rua
para sempre,
e o fraco braço da mãe
não segurou,
pensando apenas
ser um tropeço, falha do passo
que torceu o destino,
e a dor,
que ainda exorcizo em sonhos,
interminavelmente,
quando tive que escolher tua gravata,
pai,
e falar pra ela
a verdade da partida.


(Foi para ele que dediquei meu livro "Exercícios da Ausência", com lançamento marcado para o dia 6 de abril.)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Lendo

Gosta de estar sozinho. Lendo. Lento, muito lentamente. Passa de pagina fechando o livro todo. Passa o tempo. Uma e outra vez, a página. A casa está quase vazia. Na sala, sozinhos, ele e eu. Ele, com sua leitura. Cigarro esquecido, pouca luz, o livro cobre seu rosto. Tanto faz eu estar aqui. Minha presença não lhe importa tanto. Lê apenas. Levanto-me. Não me percebe. Chego quase a seu lado, quase a ler junto. Agora parece ler em voz alta. Respira forte. Não, fala sozinho. Mente que ninguém ouve. Ouço-o sem entender, sem querer. Minto que o entendo. Abro a porta, estou indo. Não sabe, continua lendo. Lê, fala sozinho como se estivesse acompanhado. Não está. Passa de página, o tempo lento; fechou o livro, todo. Apenas uma vez. Para sempre cobre seu rosto. A casa está sozinha, sem antes nem depois. A seguirão sonhando dois homens. 

quinta-feira, 17 de março de 2011

Outra cidade

O que está, não faz falta?
Quem disse que aquilo que se deixa não se leva,
se carrega, recupera?

É que eu, do mesmo modo,
nasci em outra cidade
que também se chamava Buenos Aires (não é a mesma).

E ao ir-me,
ela me deixou.
Costumeira, resignada,
secreta
do ignorado adeus.

Sou um estranho neste tabuleiro,
feito de ontem, enquanto isso e antes...
A memória de uma livraria, uma rua,
um eco, um cheiro, cada momento.
Júlio, você tinha razão:
Ir-se não é nada,
há uma mecânica de chiclete no processo,
fica aderido e aos poucos
vai-se estirando... Esticando... Diluindo.
Alongando-nos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Seu céu aparte

Ele parte sem o seu.
O céu fica.
Ele parte sem o céu.
Mas parte
sua parte deste céu.
Era seu.
Sua arte,
seu par, 
seu céu aparte.
E fica,
todo céu,
seu tudo,
fazendo parte.


Escrito com a dificuldade que todo estrangeiro tem (pelo menos eu...) de diferenciar (na pronuncia) o som de céu e seu... (eu nunca poderia declamar isto sem confundir quem me ouve...).

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ótima notícia...

Meu editor, o escritor Carlos Schroeder, ligou esta semana para me dar uma ótima noticia:
Conta que entrou em contato Josiane Laurentino, pesquisadora iconográfica, responsável pelo setor “Abril Educação” (SP), das Editoras Abril, Ática e Scipione, para utilizar meu primeiro livro “A culpa é do livro” (2008), contos com apenas histórias motivadas pela paixão aos livros, como indicação de leitura em um dos livros didáticos de Redação.

Estou muito orgulhoso e contente por mais esta conquista literária.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Vingança

 
Depois de tantas,
o espelho quebrado,
                         se vingou.

Escreveu também
com uma das pontas
“Adeus” e “Te amo”
na carne vermelha
                         do batom.

(Ela viu e não entendeu. 
Jogou-o fora no vaso sanitário. 
Agora ele sangra partido no fundo.)

domingo, 6 de março de 2011

O nome

Esticou o silêncio até a palavra,
alongou o mudo,
enfiou a língua no grito
e finalmente conseguiu pronunciar,
germinando,
com a inflexão certa,
a cor exata,
a boca cheia,
intacto,
mesmo sem conhecê-lo,
sem amá-lo,
o nome exato
do seu amor.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Dedos

Cansei de tocar
                          o tangível
                          e palpável
                          do real.

                                      d
                                      e
Nada merece tantos     d
                                      o
                                      s
como o gesto,
seda,
da caricia que apaga
o rasto
da queda da lágrima,
pela tristeza
de estar triste

apenas por estar.

terça-feira, 1 de março de 2011

Do mestre Alcides Buss...

Alcides Buss no lançamento do meu livro "Cerimonias do
Silêncio" (2010), em Florianópolis.
Depois de feito o convite para que nosso poeta-mor, mestre Alcides Buss, escreva algumas linhas no meu próximo livro
Exercícios da Ausência”, ele respondeu muito gentilmente por e-mail:

- Obrigado pelas palavras tão amigas. Você quer quantas linhas para o livro? Farei com prazer. Sou fã do que você escreve!
Minha reposta não se fez esperar:
- Quantas linhas? Poderia trocar suas linhas pelo meu livro todo?
Então já sabem, Exercícios da Ausência, com lançamento oficial no dia 6 de abril (fazendo parte das comemorações do município) agora conta com a introdução deste peso pesado da poesia catarinense e brasileira!

Veja o Site do poeta AQUI.

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