ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Perdidos

Onde você está agora?
Estou aqui, bem aqui! Calma, não tenho certeza, mas acho que estou perto. Você parece um pintor seguindo meu relevo de memória. Já te vi, fica onde você está que estou chegando. Eu sei que não são horas... É, também pensei. Pensou o quê? Que não são horas, ora. Mas tenha paciência, já estou perto. Tenho. Isto não é a saída? Não sei, fica aí, por favor! Fico. O quê? Como é possível me ver e não ser visto? Estou aqui. Finalmente! Nem de perto te enxergo direito. Nem eu. Eu sei. Dei voltas e voltas. Eu fiquei parada. Ainda bem. Não era feito à medida? Não, nada é a medida. As coisas não mudam juntas. A vista agora melhora o espaço. Sim, o olho parece se acostumar. Cheguei, podes me ver? Ainda não. E sentir? Estou aqui. Sim, agora sim. Eu também. Me dá a mão, segura. Seguro. Vou pular. Pulei, demorei? Demorou, sim. Parece estar com frio. Estou. Está tudo bem? Acho que sim. Fica. Então tá, fico, mas deixa agora me virar. Já? Sim. Já vamos dormir? Sim, é tarde. Sei, mas... Cansei para chegar, até amanhã. Cuida, não se perca... Cuido, sim, pode deixar. Coloca melhor o lenço, te cobre mais. Estou coberta, mesmo sem saber o que estou deixando entrar, o que estou deixando fora. O quê? Nada, deixa. Beijo então. (Estranhamente próximos e sozinhos, pensou, mas falou um vai à merda bem baixinho e depois dormiu).

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