Colocas a mobília onde olhas, espalhas gestos pelo chão, encolhes, andas imóvel pela casa, os cheiros tocam fogo na cara, se fundem, dissolvem a luz desta loucura, tentam olhar outra cor passageira que não habita, que não sabíamos antes (mas que é tua). A porta me vigia, não há atalhos. Nela não aparece tua ida, que ainda posso tocá-la com as mãos. Agora também andas pelo texto, cavando, e é provável que não escapes desta página, da parte de trás da letra, traço, fazendo parte de tudo o que cabe e está vazio. Mas cala. Agora que tudo é quase outra coisa onde nada havia. Não me engano se te escuto. Para os outros apenas minto quando digo: ela não mora mais aqui.
ESCRITOS DO GABRIEL
(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )
"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."
Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )
"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."
Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.
2 comentários:
Uma singela homenagem de amor para quem já não está. Adorei.
Oi Gabriel!
Gostei da presença na ausência! Isto é, mesmo que não esteja, está! E da forma mais ampla, da forma mais completa, atemporal!
..."Increível pintura distraída quase vida
Na dança sem par e sem parar
Na sombra do que roubaram
Escondidos sob a pele quase lida"...
Obrigada.
Beijo!
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