com os primeiros lábios
da palavra que me chamou,
com os pássaros de Van Gogh
menos e mais que os dedos
que enumeram todos
os nomes do dia,
com todos e nenhum,
cemitérios estendidos
onde me sobrevivo,
a boca seca de pedir,
os braços mortos de calar,
um silêncio de morte,
como morrendo, então,
frágil, o peso enorme da viagem,
vago, disperso,
como eu. Auto-retrato sem cores.
O frio tenso, incontável,
que dissimulo por pudor,
o gesto que perdura, incompleto,
um ar feito pedaços,
tanto tato ausente
faz que pareça alheio,
tanto queimando aos poucos,
tanto tanto
e nada.
Assim a paisagem camuflada
que te viu
partir.
4 comentários:
Poesia é ato de verdade,
é revelar segredos camuflados no poema. A camuflagem destina-se obviamente a iludir, e obras que sejam pura camuflagem não passam de charadas.
Gostei muito.
Beijo.
Eu estava com saudades deste blog!!!
Acredito que o escritor (tanto quanto o ator) tente passar sua "mentira" com a maior verdade do papel que assuma... Aquela historia do fingidor do Pessoa.
Obrigado!
Beijo!
Amei.
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