a uma árvore,
faz cantar pássaros
com outras vozes.
Braços tendidos,
crescem em mim as folhas,
ninhos e um som antigo.
Árvores cantam sua existência
nua de pés, mãos e sol.
Nelas, o vento alivia nuvens,
foge de cores,
lágrimas silvestres,
meias palavras
de voar imóvel.
Cai a chuva
de olhos apertados,
listrando o
céu azul sujo.
Um frágil galho
bebe no chão
outra sede
desta água.
Musgo
como tato,
como impressão digital,
abraço íntimo.
Protegido, agregou carinho,
amparado.
Sou o alheio,
o mais meu que amo.
Tão outra coisa!
Sou o secreto ventríloquo
cheio de pássaros.
4 comentários:
Um dos poucos poemas que não falam de solidão, ausência e tristeza, falta, etc. Já percebeu?
Alegria não é teu tema. Mesmo assim gostei demais!
Pode ser...
Mas calma, no poema que está agendado para quinta-feira, já volto ao tema...
Oi Gabriel!
"...Sou o alheio,
o mais meu que amo..."
Impressiona o poder de doação que emana de teus versos - esta não é a primeira vez!
Quisera falar a língua dos pássaros, para poder expressar o quanto somos voce!
Lindo.
Beijo.
Cassandra... sempre tentamos ser melhores nos outros... pelo menos tentamos. O objetivo é sempre a ação, independente da recompensa ou resultado.
Beijo! (obrigado)
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