ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Com outras vozes

Minha voz, amarrada
a uma árvore,
faz cantar pássaros
com outras vozes.

Braços tendidos,
crescem em mim as folhas,
ninhos e um som antigo.

Árvores cantam sua existência
nua de pés, mãos e sol.
Nelas, o vento alivia nuvens,
foge de cores,
lágrimas silvestres,
meias palavras
de voar imóvel.

Cai a chuva
de olhos apertados,
listrando o
céu azul sujo.

Um frágil galho
bebe no chão
outra sede
desta água.

Musgo
como tato,
como impressão digital,
abraço íntimo.
Protegido, agregou carinho,
amparado.

Sou o alheio,
o mais meu que amo.
Tão outra coisa!
Sou o secreto ventríloquo
cheio de pássaros.

4 comentários:

Anônimo disse...

Um dos poucos poemas que não falam de solidão, ausência e tristeza, falta, etc. Já percebeu?
Alegria não é teu tema. Mesmo assim gostei demais!

Gabriel Gómez disse...

Pode ser...
Mas calma, no poema que está agendado para quinta-feira, já volto ao tema...

Cassandra disse...

Oi Gabriel!

"...Sou o alheio,
o mais meu que amo..."
Impressiona o poder de doação que emana de teus versos - esta não é a primeira vez!
Quisera falar a língua dos pássaros, para poder expressar o quanto somos voce!
Lindo.
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Cassandra... sempre tentamos ser melhores nos outros... pelo menos tentamos. O objetivo é sempre a ação, independente da recompensa ou resultado.
Beijo! (obrigado)

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