ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não há

Não há esperança.
Nenhuma.
Não há final feliz
qualquer.
Nem outro amanhecer
sem dor.
Haveremos de continuar
sem lágrimas,
respirando a pouca luz,
este sonho,
a vida distraída,
a justiça prometida,
o sempre.
Perguntando-nos:
e se alguém estivesse invadindo?
E se permanecesse aqui,
envolvendo, convidando...?
Alguém que não soubesse
que não há esperança,
apenas postergações da mesma dor,
e mesmo assim, resgatasse a fé,
o abandono, um antes e um depois,
como se importasse,
como importam,
as coisas que foram, caíram,
anteciparam sua morte, batendo,
batendo sempre a mesma porta,
e nós acuados, no canto, sem querer ouvir,
porque não há ninguém,
ninguém para atender,
para levar ou trazer
seu amor.

Não há.

3 comentários:

Anônimo disse...

ADOREI! ADOREI!
ótimo poema! Dentro sempre da tua temática de abandono, dor e ausências.
(Porque me identifico tanto?)
O poeta é um fingidor?

Cassandra disse...

Inerente ao poeta é o fragmentar-se em vários eus.
A aridez da vida é amenizada pela suave harmonia das cores do amor. Mesmo distante. Onda vai, onda vem. Esquerda, direita, sem decidir-se, sem pensar, sorrindo, chorando, sem sentido, silencioso como a vida.
Gostei muito, como já disse.
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Cassandra... pena que vc não poderá "fragmentar-se" e estar hoje no debate sobre poesia no SESC.
de noite, no jornal da BA, terá uma reportagem minha sobre o tema...
Obrigado e beijo.

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