ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Despedida

No envelope fechado
não havia carta.
Apenas o pavor das vozes
(a salvo de palavras quebradas),
que ainda mesmo ouvia.

Completo demais
para acrescentar.

(Sequer tente ouvi-las. (      )
Tiram o prazer de emudecer.)

Recusou a chamar isso de poesia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cartas? Lembrei que uma vez li no teu blog um pequeno diálogo onde um dos personagens falou:
- "Cartas... Cartas... Quase nem lembro qual foi a última que escrevi... Muito menos para quem... Viu que quase mais ninguém escreve cartas? Agora é mensagem no celular, no e-mail e nada de cartas... Não existe mais o antigo cheiro do perfume borrifado na folha, a letra borrada pela tinta ou aquela triste marca de lágrima caída sobre o papel. Você nem sabe que tipo de letra alguém possa ter... A essência da carta clássica morreu. Não lembro nem mesmo qual foi a última que recebi...
- Eu também não... Lembro sim a última vez que rasguei cartas... Parece haver um dia especial para rasgar certos papeis. Fazer a limpa, faxina geral de sentimentos na gaveta... A gente se sente um pouco mais leve... É como tirar algum peso de cima, esvaziar um pouco nossa bagagem de coisas que, às vezes sem saber, já não usaremos mais... E que faz mal acumular."
(na verdade tomei o trabalho de pesquisar aqui o arquivo "Cartas"), gostei muito e é verdade.
O poema, como sempre, triste.

Cassandra disse...

Bom Dia... até os envelopes vazios nos falam como dói a ausência do que queremos que chegue, do que (quem) queremos conosco...

Beijo!

Gabriel Gómez disse...

Anônimo: o diálogo faz parte de uma peça de teatro, que até onde vi, já foi até montada, ensaiada e até agora, nunca colocada no palco.
Obrigado pela lembrança.
O poema nunca é algo isolado, apenas reflete o que cada leitor sente na sua leitura...

Cassandra: Tudo parece falar (serão eles ou nós?), mais ainda quando parece estar vazio...e queremos ouvir...
Beijo e obrigado!

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