ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dor de espinho


Escrever não alcança.
Meus olhos não alcançam.
A escrita se faz apenas verbo
e não enxerga no final da rua
a tarde chorando,
sozinha, azul e
vermelho nas sombras.
A noite coloca a mão no ombro
e caminha junto. Nuas, crepusculares,
nossas almas se igualam.
A escuridão novamente
chega à minha porta,
bate na minha boca,
trazendo esta dor de espinho
entre a carne
e a palavra.

2 comentários:

ítalo puccini disse...

esse começo é animalescamente bom!

abre para muitas muitas leituras. e o melhor de um texto é isso, o que ele possibilita de leituras!

abraço grande!

Rômulo Ferrari disse...

é...
E não importa de onde vem as palavras. Se do coração, se da língua, tanto faz!
Se da alma ou de um grafite qualquer, não importa!
A própria palavra é o espinho. E a carne vai doer...

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