que o vento sopra de noite.
Deita na poeira, bate em algumas portas
e bebe seus dias com miolo seco de pão.
Muda sempre, consome, dança, rói,
atormenta o que não pára de perder.
Tem a ternura dos idos, das pombas da fome
que comem na mão.
Mas seu rosto gasto, retorcido,
dilui-se na rua, desaparece de ignorado.
Vem do silêncio,
sem preparar a palavra.
Existe um lugar sem dor?
Cadê o jardim fora dos sonhos?
Porém, hoje, a ferida secou
e, sujo de limpeza que não prospera, agoniza
entre sombras assustadas.
Desaba tanto em orações e uivos
que gasta Deus.
Já não é hora do pássaro voar?
Mas não chama ninguém para contar-lhe a fábula,
nem ver a baba na última miséria exposta.
Apenas morre demais,
quando a dor parece suportável,
e pela primeira vez,
e pela primeira vez,
sem enxergar-se morrer.
O silêncio era uma promessa.
O silêncio era uma promessa.
O cão lambe a mão
que parou de tremer.
E jura,
por tudo que já fez de errado,
que isto
não é dizer adeus.
não é dizer adeus.
7 comentários:
Nossa realidade da rua feita poesia... Já tinha lido no teu livro. Sensível.
Gabriel!
Uma 'história' sobre estar desconexo da existência, sobra a duração da vida, o fato do tempo cada vez mais se contraindo e a ameaça da proximidade do término, escoando por entre os dedos da imaginação...
Não é preciso dizer adeus...Voa sem dizer adeus...
Um dos que mais gosto!
Beijo.
É isso ai... (até suspeito que acelerou sua ida tomando tanto "cocoricó").
Beijo.
Excelente....muito bom, muito real!!
[]s
Obrigado Rafael. É sempre muito bom ver você por aqui.
Abraço.
Gabriel, meu amigo poeta, que poema maravilhoso!
Vc me emociona muito com os seus versos e a sua forma de ver o mundo.
Que bom que existem pessoas como vc, que traz mais cores a nossa vida. :)
Quero, em agradecimento, dar-te um presentinho, em sinal da minha admiração por seu trabalho com a poesia. É singelo, mas é de coração, viu? Está lá no meu blogue.
Um abraço! :)
Obrigado Patricia... Já peguei e coloquei no meu Blog... É muito bom saber que as cores ficam melhores com minha poesia...
Já apareci também no teu espaço para agradecer esta querida homenagem...
Abraço!
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