ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Policarpo

(Para todos aqueles que acreditam que fazer poesia é escrever "difícil', ser hermético ou achar novas palavras e assim parecer "complicado" ... Minha homenagem...) 


A célere da aragem amofinou seu rebento.
As nuances pareceram dissipadas em conspurco.
Não sobrestava de precipitar.
Policarpo trazia um aleive imêmore
no epítome da retentiva.
Lobrigou uma charneira, arredou o tálamo,
assentou e ficou altercando.
Não abichou a findar seu escopo.
Apetecia ter arrazoado,
sentiu-se acoimado, sorumbático.
Era carapeta, caraminhola ou figmento?
Não perfilhava com fidúcia
e carpir-se como infante não seria o rebate.
O estipêndio tinha acabrunhado
e apenas soçobravam alentos encanecidos.
Sentiu-se um cardisplicente.
A promissão dela foi perpetrada.
Ao partir, levou seu imo, cerne e tutano.
A fúcsia ruiu ate o báratro da disgra.
Agora a expiação o acabrunhava macambuziamente.
Para que abespinhar-se, apoquentando a avaria?
Apenas abocou os sobejos e nímios
para voltar a ser mais um ludíbrio joliz
para outra nubente consorte.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Hahaha... Também leio muito deles e penso se fazem isso de forma proposital ou apenas para parecer "profundos". E o que é pior, tem gente que opina e acha o máximo (como se entendesse) para também parecer inteligente... E ninguém entendeu nada e fica por isso. Depois os mesmo perguntam por que ninguém mais lê poesia (?!) Dá vontade de esfregar sua M... de poesia na cara e responder: por tua culpa!
Desculpa, mas é o que penso (eu e um monte de leitores mais).
Escrever difícil é fácil... O difícil é fazer poesia com as mesmas palavras de sempre (sabendo que apenas um olhar muda tudo).
Parabéns!

Cassandra disse...

Oi Gabriel!

Borges teria dito uma vez, que se escreve como se brinca...
A palavra comparece não para representar o que se espera dela, nomeando e referencializando o mundo, mas se articula de tal modo original que, em lugar de mostrar, esconde, fugindo da transparência e assumindo a opacidade. Nega, no limite, uma representação comum e tece, num jogo semântico, uma representação insuspeitada. Acredito que a linguagem da poesia pode às vezes oferecer dificuldade para o leitor comum mas nem sempre é intenção do poeta escrever difícil. A dificuldade nasce da necessidade de ultrapassar a expressão prosaica e alcançar o nível da poesia. Na poesia a linguagem não escorre: dura. Cada época tem o seu estilo e neste se devem vasar as emoções humanas que se estilizam. Mário de Andrade, em um de seus poemas, disse que “o difícil, é aprender”!
Parabéns pelo domínio da língua portuguesa!
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Também acredito que a palavra comparece não para representar o que se espera dela... Escrever é afirmar o paradoxo de que, como no gesto divino, as palavras criam o mundo, afirma o argentino Manguel, mas não dão conta de apreendê-lo no livro. A arte é essa imitação...
Concordo também em parte com o tal "anônimo" quando afirma que escrever difícil é o mais fácil.
Cada um escreve como pode e emprega as palavras que tem a mão... Muitos até escrevem apenas para os críticos de plantão e não para seus leitores... Ou para si (que seria o mais importante). Já vi muitos poetas escrevendo exclusivamente para outros poetas e logo se queixando da falta de poesia.
Utilizei um português arcaico e parece até outra língua. E tentei mostrar o fácil que é que até eu, estrangeiro, consigo.
Mas o que mais me diverte são certos Blogs que colocam apenas um "pum" (literal) e lá vem trocentos comentários e elogios tentando decifrar tanta mensagem oculta... "Deve ser bom... não entendi nada, mas deve ser bom e vou elogiar para não ficar de fora..." É melhor rir para não chorar...
É deve ser esse o motivo que muitos que gostam de poesia sofram de dor de coluna... A prateleira sempre é pequena e está escondida bem lá embaixo da prateleira. Culpa de quem?
Beijo.

Cassandra disse...

É verdade.... mas me desculpa amigo, nem mesmo acesso tais blogs pela segunda vez e, talvez o "ter leitores" contribua mais para a dor nas costas do que os comentários...
Ainda conversaremos sobre a mensagem do Policarpo!
Beijo

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