ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Rio

Ela repetiu a letra de uma música
(não acredito que inventou):
apenas sei de um caminho
para ser parte da tua paisagem
e é aquele que vai fazendo o rio...

Também não sirvo para cativo,
admiti.
Sejamos parte juntos.

E somos sempre o mesmo,
mas nunca igual.

Como o rio.





6 comentários:

Cassandra disse...

Bom dia Gabriel!
Que bom tê-los por perto novamente...
Sabe que não consigo "sumir" né? rsrs
Heráclito disse e voce poetizou... Gosto muito de pensar sobre os mistérios da outra margem ou que só nos deparamos, após a curva do rio...
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Bom dia dona Cassandra!
Parece que ninguém comenta se eu não estou... que coisa, né?
Eu que me preocupei em deixar coisa programadas... Ficaram abandonadas, no literal "exercício da ausencia".
Pois sim, o rio também é a eterna metáfora do tempo... E como ninguém passa duas vezes pelas mesmas águas...
Do Chile, Neruda mandou algo para ti...
Beijos.

Cassandra disse...

Sério?
"Ele" é uma pessoa muito especial!
Vi que ninguém comentou mas, pensei que estavam lendo e não praticando o "exercício da ausência"...
Até nosso encontro com Neruda!
Beijo.

Cassandra disse...

Estava lendo Mário Quintana e lembrei deste teu poema. Vê:
"...
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
..."
Se pensamos, este recomeço assusta né?
Beijos.

Gabriel Gómez disse...

Nossas lembranças poderão ser infinitas... Mas claro, sempre volto a Borges:

São os rios

Somos o tempo. Somos a famosa
parábola de Heráclito o Obscuro.
Somos a água, não o diamante duro,
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos aquele grego
que se olha no rio. Seu semblante
muda na água do espelho mutante,
no cristal que muda como o fogo.
Somos o vão rio prefixado,
rumo a seu mar. Pela sombra cercado.
Tudo nos disse adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha sua moeda.
E no entanto há algo que se queda
e no entanto há algo que se queixa.

Cassandra disse...

A sabedoria está sempre incompleta e inquieta e tortura (por vezes dramaticamente) os verdadeiros gênios, como Borges!

Beijos!

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