“...A humanidade entrará no terceiro milênio sob o império das palavras. Não é verdade que as imagens estejam substituindo as palavras, nem que as palavras possam ser extintas. Ao contrário, as imagens estão potencializando as palavras: nunca houve no mundo tantas palavras com tanto alcance, autoridade e vida própria como na imensa Babel da vida atual. Palavras inventadas, maltratadas ou sacrilizadas pela imprensa, pelos livros descartáveis, pelos cartazes de publicidade, faladas e cantadas no rádio, na televisão, no cinema, no telefone, nos alto-falantes públicos, gritas nas inscrições dos muros das ruas ou sussurradas ao pé do ouvido nas penumbras do amor. Não: o grande derrotado é o silêncio. Agora as coisas têm tantos nomes, e em tantos idiomas, que já não é fácil saber como se chamam em língua alguma. Os idiomas se dispersam soltos e sem direção, se misturam e se confundem, disparados rumo ao destino irremediável de uma linguagem global.”
Trecho do texto de Gabriel Garcia Marques, “Garrafa ao mar para o Deus das palavras”, discurso em Zacatecas, México, 7 de abril de 1997, publicado no seu recente livro “Eu não vim fazer um discurso”, tradução de Eric Nepomuceno.
Comprei final de semana, ainda não terminei de ler, mas está valendo muito a pena...
3 comentários:
Parece ser dos que nos fomentam a curiosidade.
Já terminou?
E aí?
Se já terminei? Ninguém sabe...
Um texto não se termina... se abandona.
Se não volto a ele, o mais provavel é que fique assim...
Não esqueça de mim!!!
Promete?
(Abandona quando eu estiver por perto...rsrs)
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