ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre Onetti

Leio numa entrevista que Onetti já tinha decidido nos últimos anos, permanecer na cama do seu quarto em Madri por tédio. Recebia seus visitantes na cama e também escrevia nela, mais por recusa que por necessidade. Trocava o dia pela noite, em companhia de um maço de cigarros e um copo de uísque: “Embebedar-me não. Não serve para nada. A questão é ter sabedoria do gradual”, confessava. Estabeleceu na sua literatura um tipo de relação de divindade, com três deuses em um, definiu. O Pai, o filho e o espírito santo; ou seja: paixão, necessidade e vício.
Suas historias dificilmente tenham um final feliz. Ele disse que quando começa a escrever não sabe exatamente seu final. Mas elas, na sua maioria, acabam mal.
Mas quero lembrar uma opinião do seu conterrâneo uruguaio, Mario Benedetti: “Seus contos são insondáveis e como seres vivos que temos que voltar a ver uma e outra vez, do começo ao fim, e pelo meio, pelos cantos das páginas e dos parágrafos; e começar de novo porque a vida e os contos são complicados, e passado o tempo, seis anos ou uma semana, o conto já é outro, e a gente já é outra, e então temos que recomeçar e revirar-los, agitá-los antes de usar e deixar que as palavras voltem a assentar-se para permitir-lhes mais uma vez revelar seu mistério...”
A mudança acontece, em geral, com toda boa literatura. E, irremediavelmente, também com cada um de nós.  

2 comentários:

Cassandra disse...

Nunca li nada de Onetti.... mas, eis porque (foi Benedetti quem disse) voce teve que tomar a iniciativa de fechar o notes....
Saudades.
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Onetti foi mais reconhecido postumamente que em vida, mesmo no seu país... Mas nunca é tarde para decobrir o bom...
Mais um sábado...
Beijos!

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