ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Voz


Nunca direi as palavras
de todos.
A língua desleixa, peregrina,
fica sem o céu
na boca
para voar.

O dentro
não cabe dentro.
Em vão escrevo.

A taxidermia da palavra
dura nada.
É barro sem o sopro
criador.
Os sons não abrem.
Apenas atravessam o silêncio
e o beijam, descalço.

O sotaque é o que
consegue fugir da voz.

Fora de mim
tudo se faz estrangeiro.

4 comentários:

kajub disse...

Gabriel.
Suas palavras SÃO únicas e especiais... seu olhar e coração não tem nacionalidade... voce sabe.
Talvez por conhece-lo um pouquinho, não posso aceitar que esta 'voz' seja a tua.
Mas... me rendo: o poema é lindo!
Beijo.

ítalo puccini disse...

tenho gostado muito dessa metalinguagem que tens buscado.

abração, gabriel!

Fátima Venutti disse...

"... dentro de nós
Somos todos estrangeiros"...

Gostei do texto.

Abraços

Camila Fortunato disse...

Eu gostei bastante desse poema aqui.
Beijo

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