ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Deixo e levo

Si muriera esta noche
si pudiera morir
si me muriera
Si Muriera Esta Noche (Idea Vilariño)


Deixo
minha ansiedade por céus,
o costumeiro ar de espera,
a cinza do poema
(no curso de suicida),
uma fala (a mais solitária),
a palavra contida,
meu grito em off,
a porta entreaberta,
o ontem, o apesar e ainda
(como se nunca),
a rotina de estar vivo,
meu corpo mínimo, imediato,
a conspiração do espelho,
a exigência por detalhes,
a voz que quiçá foi minha,
o vestígio passageiro da pisada
(tão descalço),
a fumaça do tempo que confunde tudo,
o que não entra na palavra,
um tapa na água,
a dúvida da culpa,
a pele tão fina para quem soube me olhar,
e
a certeza que após a ultima garfada
resta ainda a fome,

Mas essencial
                   mente,
o que antes não sabia.

Ou tudo parte
ou se parte
quando nos vamos?

Porém levo
a volta a meu centro,
o quebra-cabeça incompleto,
e talvez, escondido,
algo de surpresa e espanto,
para finalmente saber
se tudo,
não era nada disso.

E essa nada
no lugar errado.

2 comentários:

Cassandra disse...

Boa noite Gabriel!

Principalmente,

..."Mas essencial mente,
o que antes não sabia."....

e,

..."para finalmente saber
se tudo,
não era nada disso.
E essa nada
no lugar errado."

PERFEITO... não tem o que dizer...

Beijo.

Anônimo disse...

Idem comentário anterior.
Apenas acrescento: A lista daquilo que supostamente deixamos, sempre será menor do que pensamos conseguir levar.
Gostei muito!

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