ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Perguntas...

O que é voar, perguntas,
quando estás distraída?

Amar é ter asas
mas usá-las para ficar?

O que é chorar pelos ausentes?

Vazios de pele e lágrimas?

Como encontrar o rastro
do que não volta,
daquilo que não sai?

As datas avançam ou retrocedem?

E a vida, o que é
a vida? Quer tudo para si?

A memória tem o cheiro das coisas?

O que é uma despedida?,
perguntas
quando deixo flores em tua memória,
sem esperar ouvir as respostas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, lindo!
Arrepia... Para quem já passou por uma despedida, total ou parcial, não tem como não lembrar, se emocionar.
As flores de plástico não morrem, é verdade, porém as verdadeiras deixam algo do seu perfume na memória...

Anônimo disse...

"As flores de plástico não morrem...", e eu pergunto: alguma vez estiveram vivas?
Também gostei muito, pela saudade, pelo triste, pelo real.
Bj.

Sândrio cândido. disse...

Lembrou-me o livro das perguntas de Pablo neruda

Cassandra disse...

Bom dia Gabriel!
Desde que pequenos, aprendemos a dar respostas a questões que nos apresentam. Penso que o mero responder pode consistir em um bloqueio no processo de criação, construção do conhecimento, pois não costumamos observar os limites de nossas respostas.
Poeticamente,
"...
Vai-se vivendo... vive-se demais,
E um dia chega em que tudo que somos
É apenas a saudade do que fomos..." (Raul de Leoni Ramos)
Ou ainda:
"El poeta escribe en la línea del agua,
y se asfixia,
y se ahoga." (Jorge Boccanera)
Talvez, nem queiramos as respostas de tuas perguntas...
Beijos.

Gabriel Gómez disse...

Sandrio... Já colocaram justamente a mesma observação para este poema... Apenas um detalhe: enquanto as perguntas do Neruda eram individuais, estas fazem parte da mesma unidade e fio de argumento...
Obrigado!

Gabriel Gómez disse...

Cassandra... Penso que fazer a pergunta certa é, por momentos, mais importante que a mesma resposta.
Gosto muito do Boccanera (tenho um livro muito bom dele...).
Apenas para incentivar os questionamentos e afirmar as dúvidas...
Beijo!

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