Em todas as digitais, salivas, beijos, sangue,
feridas mal curadas.
Nas fotos que já não reconhecemos,
nos traços que arrastamos,
no suor, lagrimas
que achamos que limpamos.
Vamos-nos perdendo
nas unhas que roemos,
na urina que destilamos,
na pele que nos escama, nos envelopes que fechamos.
Vamos-nos diluindo
nas águas do banho,
dos rios, nos pelos,
dejetos que escondemos,
na espuma que nos limpa,
na roupa que habitamos.
Fragmentamo-nos em camas, despedidas e
abraços. Estamos no ar, jardins,
em outros corpos, tatuados, no pó,
mesmo antes de retornarmos.
Apodrece o que se cala
com olhos que nunca esquecerias.
Na voz que deixamos na memória
quando partimos, com desapego,
abandonando
o passageiro que levamos.
5 comentários:
Bom Dia!
Como falamos, muuuuito bom!
Este passageiro... ah este passageiro que nos estraçalha por anos, espalhando cacos de emoções que as vezes chegam a ferir... E, depois vai embora, abandonando o que pensávamos ser!
Linda e assustadora visão Gabriel. Romântica e arrebatadora. Real dentro de sua ficção.
Continue sempre.
Beijo.
Obrigado!
Lendo com outra interpretação, o passageiro pode ser também o que vamos perdendo no caminho...
Beijo!
Olá Gabriel, "deixe-me" dizer-lhe que este texto seu está uma delicia!
Deixo Marie... também, meu abraço de obrigado!
Amei!
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