Onde a língua fracassa,
e se multiplica, extraviado,
nos arredores internos do corpo,
no pesar oculto da voz.
Entrelaçado como silêncio que desaba
em braços que não alcançam.
Que pedem ternura
mas não alcançam.
Pássaro descalço.
Reinventa-se contido
com calor ausente do peito, sem a fricção
da afeição. Vazio de rostos,
de apertos, carnal,
incompletos.
Queima, se contrai, arde
calado, cava na carne,
diluído na aquarela da pele
seca de réptil.
Passa uma mão por dentro,
logo outra
e se expande, afunda, forma, deforma,
acorda no meio da noite, soluça
extravios,
mistura-se aos ossos,
morde internas roupas desgarradas,
tato de pontes mutiladas,
estrias do ir e vir as pressas
do exílio de outros braços,
do abandono.
Necessários.
Perdidos.
4 comentários:
Gostei muito Gabriel.
"Entrelaçado como silêncio que desaba em braços que não alcançam. Que pedem ternura mas não alcançam."
Difícil falar. O abraço tem um significado todo especial para mim e, voce abraçou um mundo de idéias!
Gostei mesmo.
Beijo.
onde a língua fracassa
resta algo?
grande abraço!
Me faz lembrar um comentário feito pela Joan Baez,muitos anos atrás,ao ouvir (e traduzirem pra ela) "Atrás da porta", do Chico Buarque: Vocês, latinos, são tão desesperados... E acho que ela estava com inveja dessa capacidade de sentir e de expor o sentimento! bj
Cassandra... Obrigado por também abraçar o poema...
Bj (e abraço)!
´
Ítalo... Ítalo... Se resta algo onde a lingua fracassa?
Experimenta um abraço... O corpo fala.
Abração!
Regininha: mostrar sentimentos, muitas vezes já é difícil... Imagina expor alguns deles na escrita. Não sei se está na capacidade ou na suposta vergonha por baixar nossa guarda...
Beijo!
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