ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Palavra

Tirei a palavra de cada coisa.
De cada espaço ausente,
sua pequena morte.
Sequei a tinta
na boca antes da escrita,
para finalmente não ler
o que agora escrevo,
o que já esqueci
e se quebra na forma
quando disse.

A palavra é roupa.

Sou desenterrado pela
linguagem.
Escuto meu silêncio
dissolvido na saliva
que cala, geme e sofre
incurável.

O poema me engana.
Acordo sempre
com o gosto de sua voz.

A última palavra será
um olhar.

O que me ignora
não me deixa mentir.

4 comentários:

Regina Carvalho disse...

Roubei mais uns versinhos, como resistir? Esta é a maior sanção que poderias ter,deminha parte, né? bj

Gabriel Gómez disse...

Sanção? Não... Privilegio!
Bj.

Cassandra disse...

Em que situação desfavorável e desordenada o poeta encontra as coisas!
Mas o que interessa, é que ele tem coração para sentir e olhos para ver. Não tem medo do caos, porque sabe transmutá-lo numa nova ordem!

Obrigada Poeta!

Gabriel Gómez disse...

Na verdade pegamos uma desordem para construir outra...
Obrigado pelas belas palavras!
Beijo!

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