ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Na leitura

Ao ir
estarás sozinho
quando as horas
também partam
de ti.
Palavras
arrastam outras
(que outras coisas fazem,
além do que fazem?),
tão inúteis no seu empenho,
entre arritmias e saliva,
fogo triste,
que acaricia e alimenta.

E
na intempérie mais segura,
onde não te reconheças,
na frágil escada da página,
o poema parecerá contigo.

6 comentários:

ítalo puccini disse...

o ato de ler e seus envolvimento com o leitor, não?

ficou ótemo, gabriel!

abraços.

Gabriel Gómez disse...

É... O ato de ler e se enxergar num espelho.
Obrigado.
Abraço!

Anônimo disse...

As palavras
que coisas fazem além do que fazem?
Emocionam, fazem pensar, como as tuas.

Cassandra disse...

Palavras...leitor...espelho...escritor...é como o distorcido reflexo das estrelas sobre as ondas do mar...
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

É como se vestir nos outros... Ou vestir-nos deles. Ser o outro e o mesmo. Identificar-se. Pensar que alguém se adiantou em escrever o que outro também sente.
Num dos livros de Borges, pediu até desculpas por antecipar na sua escrita, poemas que poderiam ter sido escritos por tantos outros...
Beijo!

Cassandra disse...

Amadinho né? Pensando em algumas de suas fotos, imagino ele pedindo desculpas por 'antecipar a escrita de poemas que poderiam ser escritos por outro(s)'! Mas não consigo imaginar alguém 'escrevendo COMO Borges'... Hoje a escola existe, mas só porque Borges escreveu!
Com certeza seríamos mais pobres se os escritores não nos ampliassem a visão...
Obrigada.
Beijo.

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