Quem disse que aquilo que se deixa não se leva,
se carrega, recupera?
se carrega, recupera?
É que eu, do mesmo modo,
nasci em outra cidade
que também se chamava Buenos Aires (não é a mesma).
E ao ir-me,
ela me deixou.
Costumeira, resignada,
secreta
do ignorado adeus.
Costumeira, resignada,
secreta
do ignorado adeus.
Sou um estranho neste tabuleiro,
feito de ontem, enquanto isso e antes...
A memória de uma livraria, uma rua,
um eco, um cheiro, cada momento.
Júlio, você tinha razão:
Ir-se não é nada,
há uma mecânica de chiclete no processo,
fica aderido e aos poucos
vai-se estirando... Esticando... Diluindo.
Alongando-nos.
Ir-se não é nada,
há uma mecânica de chiclete no processo,
fica aderido e aos poucos
vai-se estirando... Esticando... Diluindo.
Alongando-nos.
5 comentários:
...e são as que ficam, sem que as percebamos, se alongando indefinidamente.
Belíssimooooooooooooooooooooooo!.....
Abs.
maria
Eu deveria ter conhecido muito antes. Mas muito antes!
Maria... Meu muito obrigado se alonga até chegar a você...
Nelson, se está referindo-se a Buenos Aires, como toda cidade que não para, ela muda primeiro por dentro...
Obrigado pela visita.
Sara Facio transcreveu o que teriam sido palavras de Julio sobre Buenos Aires e seu imensurável amor por ela. Tema eterno, quando em Paris (época descrita no livro que li).
"Buenos Aires, como toda ciudad, es una metáfora; nace a la realidad por el contacto de términos distantes y extranjeros, de alianzas secretas de uma calle y un hombre que indeciblemente se fusionan..."
Entendo que esta fusão centrada na expressão do sentimento individual, é o que vale, é o que vive. Poesia... sensibilidade... aproximação do poeta à realidade exterior... e voce expressou de forma bela, que enfim, a distância não nos separa do que guardamos no coração.
Beijos.
Cassandra... de Sara Facio tenho um livro inteiro de fotos do Borges... E quem te disse que o tal de "Júlio" era Cortazar?
Mas é... acertou. Ele mesmo trocando Buenos Aires por Paris, nunca deixou de escrever em espanhol... (não posso falar o mesmo...). Acredito que a escrita (mesmo em outro idioma) carrega sempre, um pouco daquilo que trazemos junto...
Beijo!
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