Não é a palavra fácil
que procuro.
Nem a difícil sentença,
aquela da morte,
a da fértil e definitiva solitude.
A que antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
em fantasias de pássaro, homem, serpente.
Procuro a palavra fóssil.
A palavra antes da palavra.
Procuro a palavra palavra
- Lindolf Bell (O código das águas)
Escrevo com as mãos vazias
que escavam a língua que já não escuta.
Traduzir seu tecido, o fiapo,
onde elas germinam,
corrói o papel,
atravessam a voz.
Já não falo nem calo...
A falta não perdoa vazios.
Recebe o que te peço:
(tão mesquinho e egoísta),
aquilo que não digo;
come desta fome que fica
e já não temos.
Não te chamo com letras
trincadas pelos dentes,
imito pausas de conversas,
traços, passos que não saem do lugar.
Desfaço o novelo da fala,
não importa o que eu faça,
roubo o som da palavra,
no gesto, no aceno mudo,
e te chamo sem chamar.
Com quanta nada se faz um pouco?
Replico atrás do poema:
escrevo como calo, te chamo,
e calo junto.
4 comentários:
Todos... calam juntos...
Quando o motivo é agradecer, não sómente a companhia, não sómente a noite, não sómente o convite, não sómente a amizade, mas também o antes, a própria existência..... não dá para calar!
Obrigada.
O cardápio que tentamos antecipar para sexta, requer um tempo (que não temos) para elaboração. Então, como ele foi planejado para "nós", será transferido para o dia em que a agenda esteja disponível... o que absolutamente não impede a degustação de algo mais frugal.... hehehe
Bj
P.S.: quando resolverem, avisa tá?
Se não é problema pode ser sexta então... deixa que eu levo algo...
Bj.
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