Leio que um ano antes da morte do poeta Octavio Paz, sua biblioteca incendiou-se. Ele acordou no meio da madrugada graças à fumaça e descobriu que o fogo estava consumindo aquilo que tanto amava... A biblioteca de uma vida.
Não fico pensando o que terá sentido porque sei. Lamento saber. Já passei por isso, e não era fogo. As águas da enchente levaram, destruíram e apagaram as memórias de décadas da minha.
A biblioteca de Borges, de Babel, metáfora do Universo em sua infinitude, continua em cada um que por um motivo ou outro, ficou sem ela. Talvez exista um livro que revele, letra por letra, palavra por palavra, frase por frase, toda a história da nossa vida. Nele, até este texto estava publicado, e os outros, e tantos outros que ainda serão escritos.
Ainda procuro esse volume em outras estantes.
Um comentário:
...
No sorvedouro que lhe coube testemunhar,
Acompanhar, combater, viver,
Buscou enlouquecidamente a mão
Que resgatasse, acariciasse,
E decorasse o vaso com espinhos molhados.
Absurdos os sentimentos contrários ancorados...
Contraditórios à vontade, ao ímpeto contido,
Ao grito atado à garganta, que não sai...
O silêncio impondo-se pela força da razão,
Pelo sal da lágrima, pela vontade de submergir.....
Sim, eu sei.
...
Abraço, com o coração.
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