
Delírio Real de um Amor Imaginário
Se algumas vezes nos visitamos em nossos sonhos, para Arthur Rebello, (personagem principal desta narrativa) isto é um fato corriqueiro. O que ele tem a confidenciar?
Como em sonhos, alguns de olhos abertos, acordados por dentro, nosso coração anseia sempre ir mais longe e antes do acontecimento, já sabe das notícias.
O poema de Oliverio Girondo bem poderia descrever o protagonista: ele é irredutível, não perdoa, sob nenhum pretexto, que não saibam voar. Se não sabem voar perdem o tempo as que pretendam seduzi-lo!
Ele também voa, mas talvez para escapar da sua realidade de escritório, da rotina do seu universo e programa cada vez mais seu horário, ainda que não consiga controlar inteiramente o que se passa nele nem na sua própria história. Sua vigília é fragmentada, frágil, soma de suas obsessões, e as letras pequenas das legendas da sua revelação. Realidade ou ficção? As duas ao mesmo tempo no limite do fantástico e do perigoso.
E se a descrição do texto de Girondo parecia delinear parte do perfil de Arthur; é no final do seu poema que aparece na sua totalidade: “…Sou incapaz de compreender a sedução de uma mulher terrestre, e por mais empenho que ponha em concebê-lo, não me é possível nem tão pouco imaginar que possa fazer-se amor a não ser voando.”
João Luis Chiodini consegue unir a reflexão, a metáfora, o questionamento do aparentemente concreto e o túnel que passa debaixo da realidade.
É preciso conhecer a natureza de nossos sonhos, para tentar não sofrer tanto com alguns deles...
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