A pedido do escritor e editor Carlos Schroeder escrevi a orelha do livro “Delírio Real de um Amor Imaginário”, de João Luis Chiodini. A obra relata os conflitos de um homem apaixonado por uma mulher que só vê em sonhos. Ele é casado, tem um emprego, mas não gosta da vida que leva. Nos vários contos (ou na única história que preenchem as 96 páginas), o personagem sonha com seu cotidiano, tenta fugir da realidade e buscar o seu amor imaginário. Dopado de remédios, para dormir o máximo possível, o protagonista retrata o quanto pode ser infeliz a busca pela felicidade.
Delírio Real de um Amor Imaginário
Se algumas vezes nos visitamos em nossos sonhos, para Arthur Rebello, (personagem principal desta narrativa) isto é um fato corriqueiro. O que ele tem a confidenciar?
Como em sonhos, alguns de olhos abertos, acordados por dentro, nosso coração anseia sempre ir mais longe e antes do acontecimento, já sabe das notícias.
O poema de Oliverio Girondo bem poderia descrever o protagonista: ele é irredutível, não perdoa, sob nenhum pretexto, que não saibam voar. Se não sabem voar perdem o tempo as que pretendam seduzi-lo!
Ele também voa, mas talvez para escapar da sua realidade de escritório, da rotina do seu universo e programa cada vez mais seu horário, ainda que não consiga controlar inteiramente o que se passa nele nem na sua própria história. Sua vigília é fragmentada, frágil, soma de suas obsessões, e as letras pequenas das legendas da sua revelação. Realidade ou ficção? As duas ao mesmo tempo no limite do fantástico e do perigoso.
E se a descrição do texto de Girondo parecia delinear parte do perfil de Arthur; é no final do seu poema que aparece na sua totalidade: “…Sou incapaz de compreender a sedução de uma mulher terrestre, e por mais empenho que ponha em concebê-lo, não me é possível nem tão pouco imaginar que possa fazer-se amor a não ser voando.”
João Luis Chiodini consegue unir a reflexão, a metáfora, o questionamento do aparentemente concreto e o túnel que passa debaixo da realidade.
É preciso conhecer a natureza de nossos sonhos, para tentar não sofrer tanto com alguns deles...
ESCRITOS DO GABRIEL
(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )
"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."
Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )
"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."
Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.
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