E os poemas têm que ser gastos. E os poemas têm que ser gastos, copiados, repetidos, até esgotar os sentidos e as palavras. E os poemas têm que ser gastos, copiados, repetidos, até esgotar os sentidos e as palavras, com letras, olhares, bocas e tintas. E os poemas têm que ser gastos, copiados, repetidos, até esgotar os sentidos e as palavras, com letras, olhares, bocas e tintas de canetas e solas de sapatos nas calçadas de flores e barro. E os poemas têm que ser gastos, copiados, repetidos, até esgotar os sentidos e as palavras, com letras, olhares, bocas e tintas de canetas e solas de sapatos nas calçadas de flores e barro que abrem fendas e curam outras consumidas, deterioradas. E os poemas têm que ser gastos, copiados, repetidos, até esgotar os sentidos e as palavras, com letras, olhares, bocas e tintas de canetas e solas de sapatos nas calçadas de flores e barro que abrem fendas e curam outras consumidas, deterioradas como amor, povo, fome e pátria.
(Texto do livro "Borges e outras ficções")
Nenhum comentário:
Postar um comentário