ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cerimônias do Silêncio (3)

Diário

- Gostaria de poder ler um trecho daquilo que escrevi no meu diário – disse
- Nunca soube que você levasse um diário. Alias, sempre pensei que colecionasse cadernos escritos em branco. Embora tenha lido e gostado de algumas páginas e reprovado outras, não concordaria em conhecer suas intimidades, já que as tenho lido e não gostei.
- É verdade. Nunca escrevi um diário e nunca o faria, por isso gostaria de poder lê-lo. Quer ouvir?
- Sim, mas com a condição que leia só as páginas em branco.
- Está pedindo-me o impossível. Justamente essas são as mais íntimas, daí o motivo de ter apenas páginas em branco.
- [...]
- [...]
- Realmente são bastante reservadas e pelo trecho que acabou de não ler, indiscretas.
- É, por isso nunca as escrevi.
- Concordo. Mesmo assim deveria queimar todas pelas dúvidas de alguém tentar fazê-lo.
- Já o fiz.
- Mas se acabou de não lê-las!
- Não o tinha feito enquanto o fazia.
- Fez bem então. É por isso que não gosto de diários e nunca escreveria um.
- Eu também não.

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