de voar com papeis sujos que o vento carrega,
de querer me alçar onde teu horizonte se afunda.
E afundar-me
como se caísse, como se calasse.
Afaguei o que dorme para sempre,
o que morre de presença, de espera,
que esquece chegar,
indiferente.
Derrubei espelhos
sem ver se tinha gente dentro,
mas resisti com palavras o bocejo,
quando jogava as meias num canto
e me sentia igual a elas.
Assim me ocultei na linguagem, amarrei meus olhos
onde outros se arrastam sem notar.
Falar era dizer menos,
fotografar a respiração.
Mas sobrava eloquência na falta de caricia
e voz para contar.
Queria apenas o fio de luz
que passava por debaixo da porta.
Mas fui claro sem dar tempo às sombras,
à noite,
que falava por gestos,
por querer,
por ninguém.
Apenas lembro,
mas não recordo (que é voltar a passar pelo coração),
que estava podre a água das flores,
que se escrevo é por este cansaço quase intacto,
quase tato,
deste pó que ninguém junta.
Que por puro excesso aderi a tua escuridão amável.
Mas,
são todos novos os fogos que não te iluminam.
E este poema já estava escrito
por outro ardor.
9 comentários:
Gabriel, vc é um Poeta notável!
Sabe desses que vc lê e se pergunta: Como pode alguém chegar tão fundo na alma humana?
E vc se diz baixinho: Como eu gostaria de ter escrito isso! (risos)
Vc é genial!
É um Poeta de fato!
É genuíno e muito criativo com a sua escrita!
Vc sabe expor os sentimentos de forma sinestésica e eu simplesmente adoro isso!
Um grande abraço!
E o meu carinho e admiração, sempre. :)
Para quem fala do silêncio, o melhor deles e aquele que vc me provocou agora...
Andas abusando da qualidade, menino!
Adorei!
bj
Patrícia... Muitas vezes lemos e pensamos como seria bom ter escrito aquilo que gostamos... E é justamente ai que o leitor também colabora com sua interpretação, entendimento e recriação do texto... Não tenhas dúvida que o bom torna-se melhor ainda pela qualidade do leitor...
Obrigado e beijo!
São seus olhos regininha... Muito obrigado... Estou dedicando-me ao máximo para apurar minha escrita... Quase sempre ela ganha e me apura...
Beijo!
Na escuridão, qalquer lume que seja virá pelos sentidos ou pela palavra, e aqui há tudo isto em profusão.
Muito bom!
P.S.
Cheguei aqui via I.ta
Obrigado novamente Mai...
Seja muito bem-vinda e espero que com suas palavras coloque mais lume a meus escritos...
Um abraço ao querido do ítalo...
e outro para você.
Tua Escuridão...
Um espelho multifacetado.
Senti risos, ouvi lágrimas,
Sem compartilhar lembranças.
Imagens fragmentadas pelo tempo.
Cacos, varridos para um canto, com as meias,
Que aproximam.
Revela-se.
Expõe sua fragilidade.
Elege a interiorização.
Simples.
Único.
Só,
Na escuridão da noite, que também é.
Na solidão da vida, de segredos entrelaçados.
Mostrando a face.
Querendo dominar a ansiedade desta viagem,
Sem medo de chuvas e ventanias,
Buscando o reencontro no caminho.
Buscando a sobrevivência de momentos mágicos.
Um retrato da vida.
Com carinho e minha costumeira ousadia.... Beijo.
(Mesmo que queiras comentar, não precisa publicar...)
Como não publicar?
?
Lindo!
Quando veja como ficou no livro,
verá que tem mudanças...
Bj.
Sim.... foi "um momento lindo" o da leitura e do que senti (só transcrevi e dividi contigo - por isso o não precisa publicar....).
Mas, tudo bem.
Aguardemos o livro!
Até lá.
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