ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pássaros...


Minha voz, amarrada
a uma arvore,
faz cantar pássaros
com outras vozes.
Crescem em mim as folhas
e um som antigo.
Arvores cantam sua existência
nua.
Nelas, o vento alivia céus,
lágrimas silvestres
de mortos e esquecidos.
Assim cai a chuva.
Musgo
como impressão digital,
como lento abraço.
Sou o alheio,
o mais meu que amo.

Tão outra coisa!

Sou o secreto ventríloquo
cheio de pássaros.

4 comentários:

Regina Carvalho disse...

AMEI!
bj

Fátima Venutti disse...

às vezes venho aqui pra pensar, mas caio nas garras de teus textos e acabo rejuvenescendo minha alma.
Então esqueço de mim e do porquê vim...

Vez por outra volto...

Anônimo disse...

Gabriel,
Walter Benjamim dizia que na arte há uma região que, de tão própria, somente os artistas a conhecem, o que a torna indizível, posto que as demais pessoas não compreenderiam.
Seus "Pássaros...", certamente sobrevoam essa região.
Aliás, sua bela poesia é sempre um rondar neste impronunciável.
Belíssimo, como sempre!
abs.

Gabriel Gómez disse...

Obrigado!
As vozes da poesia alimenta cada canto...
É sempre muito bom ter muitas delas por aqui...!
Beijos e abraços.

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