ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um dia como tantos outros...


Não estava pensando
particularmente em nada.
Um dia como tantos outros,
uma tarde como tantos pássaros,
um passeio de ultima hora,
a paisagem repetida,
tanto nada,
e uma forma doce
para a mesma volta
de chegar e voltar.

Uma pausa distante,
inadvertida,
quase circular.
Sem perguntas, acelera,
breve; o vento na janela
devolve um constante adeus.

Talvez na boca, um nome,
como hospede, rondando,
sangrando como pele machucada.
Fugas contemplando esperas,
risada ferida,
ventilando a mesma ausência...
A quem pode interessar?
Não,
não estava pensando
particularmente em nada.
Não viu o carro na contramão.
Distraído, disperso... Caído.
Fatal de olhar perdido.
Sua alma travou a porta,
doendo.

Passeio de última hora?
Um dia como outros?
Imprevisto?
Não,
já não.

O acaso não existe,
destruiria o universo.

Implacável seu andar.

3 comentários:

Regina Carvalho disse...

Um dia como tantos outros que é um dia como nenhum outro, numa vida como nenhuma outra e como todas?
bj

Anônimo disse...

A coerência dos textos segue um norte... Quem sempre te lê, sabe de ti (e não). Também descobre um estilo e temática própria, sempre presente.
Gosto disto.

Eduardo Ribeiro disse...

Companheiro,

gostaria de ser "adubo da sua alma" rsrsrs.

Este "um dia como tantos outros" é bálsamo para a alma. Nas suas características, pelo pouco que li sempre correndo, o casual bem subjetivo, semi-fantástico e despretensioso (tive que pensar na qualificação) soa just fine. Abs

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