ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Narrativas afluentes"


O escritor argentino, mas riossulense de coração, Gabriel Gómez ficou surpreso ao folhear as páginas do jornal periódico “Rascunho”, um dos principais veículos de comunicação do segmento literário e que é veiculado nacionalmente.   
Uma das qualidades evidentes de A culpa é do livro de Gabriel Gómez é, sem dúvida, o de privilegiar o ato da leitura como formador ou, em alguma medida, deformador da identidade dos mais diversos leitores que protagonizam suas dez curtas narrativas. Para usar um termo do apresentador da obra trata-se, enfim, de um exemplo magnânimo de ‘livrocentrismo’, em que a erudição bibliófila do autor salta aos olhos...”. Esta é a introdução da crítica produzida pela escritora Maria Célia Martirani, texto que ocupou metade da página 6 da edição de dezembro do jornal.
Ela destaca que “... é uma obra bem inserida no contexto da literatura contemporânea, que elege como central a reflexão de cunho metaliterário, em que o ficcional é matéria-prima de diálogos intertextuais”.
Maria fala também sobre a forte inspiração do autor, onde se evidencia o jogo espectral, onde Jorge Luis Borges norteia boa parte do sumo destes contos. Dois foram destacados pela escritora: “Um clássico”, em que o “protagonista, numa viagem de ônibus, lê concentradamente um livro, quando a seu lado senta-se uma mulher que lhe desperta a curiosidade pelo fato de estar, também ela, lendo em silêncio. [...] Duplos anônimos que se projetam, espelhos que se duplicam, eu e o outro, imagens espectrais de um único ser que, mesmo sendo um só, jamais é único...”. O outro refere-se ao “instigante O bilhete perdido, em que ávido leitor desespera-se à procura de um bilhete que ele mesmo teria escrito e deixado dentro de algum volume, do qual não se recorda.”
Segundo a crítica da autora, em todas as situações, “o livro é o pretexto e o texto ao redor do qual transitam seres embriagados, ao limite do fetiche, por seu cheiro, seu encanto, que quase sempre leva ao desencanto ou – quixotescamente – à loucura.”
O conhecimento literário do autor também é lembrado pelo texto de Maria: “pela vasta erudição de um autor, que quer se fazer conhecer por um pertencimento à clássica tradição dos que assumem como legatários ou interlocutores privilegiados dos grandes nomes da literatura”.
Para o final do texto não faltam elogios referentes ao livro: “Uma obra coerente com o que Borges teria afirmado em certa entrevista, ao mencionar que deixava aos outros que se vangloriassem dos livros que haviam escritos, enquanto a sua glória, diversamente, residiria nos livros que ele havia lido. [...] Culpados ou inocentes, livros, leitores e o universo da leitura de Gabriel Gómez roubam totalmente a cena. Às vezes, porém, de modo tão veemente, que nos fazem perder o foco a singeleza despretensiosa de histórias que narram leves, como águas de riachos, e que, por serem afluentes, nem por isso deixam de ter o brilho dos rios caudalosos e principais.”

(Texto do jornalista Rafael Beling, publicado no Jornal A Cidade.)

9 comentários:

Regina Carvalho disse...

São elogios merecidos, sem dúvida. MAs vê se não fica besta, heim!?
bj

Gabriel Gómez disse...

De tantas vezes que já me aconselhou o mesmo, por cada elogio que recebo, acho que estou conseguindo...
Bj.

ítalo puccini disse...

hahahaha

que ótimo isso, gabriel!

e sempre com o adendo da regininha :)

tem concurso de narrativas curtas no um-sentir. quero ver tua participação!

grande abraço!

Cassandra disse...

Fantástico Gabriel!
As palavras usadas pela escritora e escolhidas por Rafael, evidenciam tua cultura literária e a qualidade de teus escritos - não poderia ser diferente....
Parabéns!
Beijo.

Gabriel Gómez disse...

Obrigado Cassandra... Realmente fiquei surpresso, primeiro com a nota, depois com os elogios... Era meu tempo de contos... Espero que seja igual (ou melhor) agora com a poesia...
Beijos e abraços!

Cassandra disse...

Com certeza!!!
Eu havia escrito (depois apaguei) que gostaria de saber se ela já teve oportunidade de ler suas poesias, e o que diria sobre elas. Referem-se a um mundo diferente do mundo do Gabriel dos contos. Transporta a nós leitores, por labirintos e caminhos não imaginados... Continua em frente Amigo!
Beijo e abraço.

Cassandra disse...

Oi Gabriel.

Achei na livraria o livro abaixo:

Coleção: THE ANDRES MONTOYA POETRY PRIZE
Autor: GOMEZ, GABRIEL
Editora: NOTRE DAME PRESS
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA - POESIA

É voce? Foi publicado em 2007, em ingles...

Gabriel Gómez disse...

Literatura paparazzi?
Não procura muito que nem eu acredito o que pode ser descoberto...
Sei que existe jogador homônimo (acho que na Colômbia), outro que morreu no rally Paris Dakar, e alguns que também escrevem e opinam em outros blogs...
Neste ano serei traduzido (?!) ao galego numa coletânea que apenas sai na Europa...
Esses poemas em inglês deve ser que alguém descobriu que como não consigo mais escrever direito em espanhol, ainda tento (com muito esforço) em português, que na verdade só assim para entender-me...
Beijo e obrigado pela descoberta...

Cassandra disse...

Ah sim... a modéstia te impede de reconhecer que escreves... mas sei que gostas... só que talvez nem tanto quanto nós!
Bem, eu estava passeando no site da Livraria Cultura (esqueci o nome na mensagem anterior) e este livro apareceu. Fiquei curiosa (novidade né?)

Beijo.

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