ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Com a mão que encontro


Quanto mais escrevo,
mais apaga e desdiz a mão.
Habito em muitos cadernos de
coisas que não digo.
Para que dizê-las?
Escrevo enquanto durmo
e morro antes de acordar,
mesmo antes de morrer.
Urino sangue, tinta,
com a mesma intensidade
de um grito.
Porque sem querer, quero.
Sem falar, escrevo, para moldar
a palavra com a mão que encontro.
O que está ao alcance da boca
é parte dessa voz.
Recrio Deus em alheios entulhos,
entre o branco do papel
e o preto gasto de afundar o escrito.
As palavras organizam a queima dos fôlegos
e aproveitam as cinzas que silenciaram
para fazer sua poesia.

Calar não é mais possível.

7 comentários:

ítalo puccini disse...

este pensar a palavra,
dizê-la e desdizê-la,
um vício mesmo.

grande abraço!

Anônimo disse...

Para sempre vivam as visceralidades borgeanas!
Belíssimo!

Gabriel Gómez disse...

Minha mão desdize e a de vocês escreve esta beleza de comentários... Obrigado!
Abraços...

Gabriel Gómez disse...

Maria... falando em "borgeanas", gostaria que leia o poema "Borges na biblioteca" do dia 19 de maio, que escrevi na sua homenagem...

Roberta Ávila disse...

Adorei! Vou colocar no meu blog tb. Se não puder, me avise.

Abs,

Gabriel Gómez disse...

Fica a vontade...
Agradeço tua visita e ainda colocar meus escritos nos teus...
Abraço e obrigado.

Regina Carvalho disse...

Ih,melhor dar opinião por email!
Vai ser comprida!(e não muito positiva!)
bj

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