ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O poema que não escrevo


Minha máquina de escrever
é a mão.
Seu desejo explode entre meus dedos
amputados em frases que evito falar
e não sabem como não dizer.
A palavra limita
imita
recusa
improvisa
e pouco se parece com aquilo que sentimos.
O invisível fala,
mas nunca expõe tudo,
não revela
não traça
não (me) traduz.

Salvo o poema que não escrevo.


Do livro "Cerimônias do Silêncio"

3 comentários:

ítalo puccini disse...

um dos que mais gosto!

essa da máquina de escrever ser a mão.

e do poema que não é escrito.

bárbaro!

abração, gabriel.

Anônimo disse...

E o que limita é também o que nos faz agonizar.
Belíssimo!
abs.

Camila Fortunato disse...

Oi, Gabriel

Tem razão...não comentei mais aqui. É que ultimamente tenho feito apenas comentários mentais (assim não vale né, rs).
Mas é sempre bom vir passear pelas suas palavras. Você também é um menino carregando água na peneira.
:)

Beijo

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