“No século 21, agora solidamente estabelecido, a poesia continua a perder espaço. (...) Essa situação é uma conseqüência da quase inexistência econômica da poesia, pelo menos dessa que se escreve atualmente. A poesia não se vende e, portanto, não tem mais importância. A poesia não tem mais importância e, portanto, não se vende. É claro que esse gênero literário não é o único que perdeu fatias de mercado na cena cultural contemporânea. O romance, a literatura em geral e o próprio livro foram afetados. Mas, no caso da poesia, estamos diante de uma forma extrema de desaparecimento.
Há quase um século, e com uma obstinação tocante, a responsabilidade por tal circunstância (o desaparecimento da poesia) é atribuída aos próprios poetas. Expõe-se uma série de acusações para explicar e justificar a desafeição comercial: os poetas contemporâneos são difíceis, elitistas, a poesia é uma atividade fora de moda e ultrapassada. Os poetas são narcisistas, não se dão conta do que realmente acontece no mundo, não intervêm para libertar reféns ou para lutar contra o terrorismo, não fazem diminuir a desigualdade social, não se mobilizam para salvar o planeta e não falam a mesma língua de todo mundo. Eis por que não os lemos. Eles mesmos são os culpados por isso.”
Texto do poeta, romancista e matemático Jacques Roubaud, no número de janeiro do "Le Monde Diplomatique Brasil", citado no texto FIM DO PAPEL, FIM DA POESIA, na última edição do jornal literário “Rascunho”.
Há quase um século, e com uma obstinação tocante, a responsabilidade por tal circunstância (o desaparecimento da poesia) é atribuída aos próprios poetas. Expõe-se uma série de acusações para explicar e justificar a desafeição comercial: os poetas contemporâneos são difíceis, elitistas, a poesia é uma atividade fora de moda e ultrapassada. Os poetas são narcisistas, não se dão conta do que realmente acontece no mundo, não intervêm para libertar reféns ou para lutar contra o terrorismo, não fazem diminuir a desigualdade social, não se mobilizam para salvar o planeta e não falam a mesma língua de todo mundo. Eis por que não os lemos. Eles mesmos são os culpados por isso.”
Texto do poeta, romancista e matemático Jacques Roubaud, no número de janeiro do "Le Monde Diplomatique Brasil", citado no texto FIM DO PAPEL, FIM DA POESIA, na última edição do jornal literário “Rascunho”.
Será que chegamos ao tempo, como aponta o referido texto, de poetas escrevendo "difícil" para poetas e sendo lidos, entendidos (?), apenas por poetas?
A foto que ilustra o texto é de nosso saudoso Lindolf Bell e sua Catequese poética na praça.
Belo e necessário debate...
Belo e necessário debate...
Nenhum comentário:
Postar um comentário