
Nas páginas finais, tenta definir, talvez entender, a relação do seu amigo com sua secretária, ex-aluna, mulher e atual herdeira de todos seus direitos autorais, María Kodama (com certa raiva de ter convencido e levado seu amigo a morrer em Genebra): “Viajou para mostrar-se independente e, de passo, para não contrariar a María.” E ainda recrimina: “Na realidade, María é uma mulher de estranha idiossincrasia: acusava Borges por qualquer motivo; castigava-o com silêncios (lembrar que Borges estava cego); trancava-o (punha-se furiosa ante a devoção dos admiradores); se impacientava com sua lentidão. Para os demais, María era uma pessoa de tradições distintas das suas. Borges uma vez me disse: 'Não se pode casar com alguém que não sabe o que é um poncho ou o que é o doce de leite.' No lugar do poncho e do doce de leite, podemos colocar uma infinidade de outras coisas que jamais compartilharam Borges e María.”
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