ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cerimônias do silêncio (13)

Desaparecemos

Convivemos com nossas desaparições.
Somos ouvidos por olhos que dizem que poderemos não voltar. Na verdade, nem sabemos quando nem como dizemos isto, apenas que os olhos o anunciam. Poucos acreditam, sempre voltamos... Até o dia que não temos nada a cumprir nem prometer com as únicas palavras que ainda valem a pena falar com a boca.

Então desaparecemos. Somos apagados pelo que já não conseguimos dizer. Encobertos pelo que cala extraviado.

E é com tanta intensidade que não estamos, que nem palavras temos como últimas. Apenas flores que morrem, e que prontamente usarão para decorar nosso silêncio. Não sabemos que fazer do olhar. O que se vê, é o que falta, o que não fala, o que não volta. Não estamos nem detrás da ausência; nós, que já não estamos. Cada dia desaparecemos um pouco, até completar-nos. Assim como o silêncio se desfolha e recicla.
O extinto pede asilo no vento e não volta. Ilumina-se o corpo transparente.

A respiração, mais ou menos presente, pergunta:
- Está completa a prosa? Então agora chega...

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