Que platéia imaginária e muda responde: ocupado? Respiram. Extasiados, distraídos, quase sem necessidade de voar; isso que os pássaros dizem escrever. Guardam secretos, falsos souvenires dos lugares, nos bolsos da calça. E lhes colocam nomes, para logo esquecê-los, nos mais remotos destinos. Sabem que é para isso que servem os segredos. Beijam cachorros de rua, que não latem nem mordem, de andares sem rumo, desorientados. E também falam com eles. Brincam com o silêncio, o nada e um pingo de morte cheio de vida. Inventam que não sentem dor. Descrevendo, insistindo com os inúmeros seres que os rodeiam e não sabemos, mas não se distraem.
Para quem os gestos e as palavras? Que desabam, repelem e abrem janelas. Talvez falem para todos (pensam em voz alta), o que todos apenas confessam em voz baixa. Que ausência apontam seus dedos? O que justificam e não revelam? Anotam, oralmente, cartas nunca escritas, mandadas vagamente, com a vontade secreta de jamais serem lidas. Para quem a música assobiada, que ilumina silêncios de ternura apodrecida? Que faz ouvir sua própria fala? Que parece orar, de mãos juntas, insuficiente, precária; com olhos que não enxergam, porque também falam... E contam mais do que dizem.
Caminham sem pressa, ou param, já que tudo nunca chega, ou chega tarde a lugar nenhum. Nada é tão nosso, quanto deles o desejo por falar; ainda que a rua cale ou libere o que sentem. E encontram muito em muito pouco; provocam movimento, flutuam devagarinho como silêncios que nos pegam no meio da fala. Não abrem portas, apenas passam sua presença por debaixo delas, e olham pacientes pelo olho da fechadura, esperando. O espelho quebrado reflete a voz, mas não recolhe seu rosto; não serve para se olhar, apenas para enxergar quanto deles somos; quanto deles temos. Enquanto falamos com máquinas que não funcionam, as plantas que crescem e os espelhos dos elevadores...
Como então encontrá-los sem nos perder primeiro?
Para quem os gestos e as palavras? Que desabam, repelem e abrem janelas. Talvez falem para todos (pensam em voz alta), o que todos apenas confessam em voz baixa. Que ausência apontam seus dedos? O que justificam e não revelam? Anotam, oralmente, cartas nunca escritas, mandadas vagamente, com a vontade secreta de jamais serem lidas. Para quem a música assobiada, que ilumina silêncios de ternura apodrecida? Que faz ouvir sua própria fala? Que parece orar, de mãos juntas, insuficiente, precária; com olhos que não enxergam, porque também falam... E contam mais do que dizem.
Caminham sem pressa, ou param, já que tudo nunca chega, ou chega tarde a lugar nenhum. Nada é tão nosso, quanto deles o desejo por falar; ainda que a rua cale ou libere o que sentem. E encontram muito em muito pouco; provocam movimento, flutuam devagarinho como silêncios que nos pegam no meio da fala. Não abrem portas, apenas passam sua presença por debaixo delas, e olham pacientes pelo olho da fechadura, esperando. O espelho quebrado reflete a voz, mas não recolhe seu rosto; não serve para se olhar, apenas para enxergar quanto deles somos; quanto deles temos. Enquanto falamos com máquinas que não funcionam, as plantas que crescem e os espelhos dos elevadores...
Como então encontrá-los sem nos perder primeiro?
De que não falam os que não falam sozinhos? Por que não falam? Talvez os que falam se perguntassem. E por isso falam. Sozinhos pela rua.
– Desculpe, está falando comigo?
– (...)
– Não.
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