Embora pareça ter mais gente, faltam muitos e ficaram menos, marcados pela ausência. E nunca acabam por chegar. O culto ao que já não está, ao que já se foi, parece necessário, mas é doentio exumar eternamente o que não pára em si, e ainda teima, caprichoso, viver entre nós com o coração virado ao sul. E as coisas minúsculas, aparentemente despercebidas, hoje parecem longos poemas. Tenho que traduzi-la constantemente, enquanto ela se diverte assustando quem volta.
“Todas as viagens são impossíveis...”, afirma o ensaio “Mapas Antigos”, original que possuo corrigido a mão e assinado pelo escritor Manuel Mujica Lainez, “...hoje que na despedaçada terra que rompem os caminhos e que as fronteiras se mobilizam orientadas por uma maré vermelha. Por isso, a tentação da viagem retrospectiva ao longo de cartografias remotas, tem hoje, mais do que nunca, um poder de realidade que deriva da vida irreal que vivemos. Não nos é dado ir à Itália, à França, à Alemanha de nossos dias. Nem com a imaginação podemos refazer as rotas que foram familiares, pois ignoramos se as estradas conduzem ainda para as mesmas cidades e se as cidades seguem sendo as mesmas. Uma nuvem espessa cobre o mapa atual do mundo.”
De tanto andar, suas ruas já são outras, como são outros os escritores que a decifram de tanto lê-la. Mesmo assim, fico com a sensação de que meu passado está a escassos segundos, e que sempre chego tarde para recuperar cheiros, rastros e obsessões num extenso inventário de silêncios, de fadigas, ausências e epitáfios.
“Todas as viagens são impossíveis...”, afirma o ensaio “Mapas Antigos”, original que possuo corrigido a mão e assinado pelo escritor Manuel Mujica Lainez, “...hoje que na despedaçada terra que rompem os caminhos e que as fronteiras se mobilizam orientadas por uma maré vermelha. Por isso, a tentação da viagem retrospectiva ao longo de cartografias remotas, tem hoje, mais do que nunca, um poder de realidade que deriva da vida irreal que vivemos. Não nos é dado ir à Itália, à França, à Alemanha de nossos dias. Nem com a imaginação podemos refazer as rotas que foram familiares, pois ignoramos se as estradas conduzem ainda para as mesmas cidades e se as cidades seguem sendo as mesmas. Uma nuvem espessa cobre o mapa atual do mundo.”
De tanto andar, suas ruas já são outras, como são outros os escritores que a decifram de tanto lê-la. Mesmo assim, fico com a sensação de que meu passado está a escassos segundos, e que sempre chego tarde para recuperar cheiros, rastros e obsessões num extenso inventário de silêncios, de fadigas, ausências e epitáfios.
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