A beira é a medida. Quando chegamos ao contorno, temos que parar ou extravasar, recuar ou persistir, cessar ou prosseguir. Dar-lhe fuga. A beira nos faz suicidas. Construímos bordas querendo aprisionar o conteúdo.
Temos medo e colocamos limites. Modificamos margens procurando por mais espaço. Em tese, o espaço é sempre o mesmo, o que buscamos é que seja nosso, possuí-lo, invadir, ampliar territórios conquistados. Agir em torno, explorar. Alongar paredes levantadas.
Alguns têm fobia às beiradas, mas se acostumam. Muitas não fecham, não coincidem. Nossos limites parecem diferentes. Que parte oculta revela sua geografia? Que espaço ocupa perante outros corpos? Corpo, embrulho, pequeno maço da alma. Demoramos a medir-nos e, assim, desconhecemos quanto avançamos ou retrocedemos. E perdemos a marca da bainha das extremidades. O quanto está perto ou longe da margem. À beira de nós mesmos. Formas, curvas, ângulos que desenham rasgos de identidade. Extrapolando-o com barrigas, cabelos e unhas que superam nossos próprios alcances. Quem corta as unhas se desfolha. Elas crescem e extravasam, prolongando-nos. Unhas que formam vírgulas ou luas no seu estado crescente, e parecem encaixar-se nas abrangências. Vírgulas e luas cortadas, engolidas ou cuspidas boca fora. Que não param nem quando morremos, iludindo a própria vida. Nossas cinzas se expandem no ar, invadindo alcances figurativos, criando novos contornos. E o invisível se mostra. Não temos apenas limites e, sim, portas. Finas capas de incertezas.
Temos medo e colocamos limites. Modificamos margens procurando por mais espaço. Em tese, o espaço é sempre o mesmo, o que buscamos é que seja nosso, possuí-lo, invadir, ampliar territórios conquistados. Agir em torno, explorar. Alongar paredes levantadas.
Alguns têm fobia às beiradas, mas se acostumam. Muitas não fecham, não coincidem. Nossos limites parecem diferentes. Que parte oculta revela sua geografia? Que espaço ocupa perante outros corpos? Corpo, embrulho, pequeno maço da alma. Demoramos a medir-nos e, assim, desconhecemos quanto avançamos ou retrocedemos. E perdemos a marca da bainha das extremidades. O quanto está perto ou longe da margem. À beira de nós mesmos. Formas, curvas, ângulos que desenham rasgos de identidade. Extrapolando-o com barrigas, cabelos e unhas que superam nossos próprios alcances. Quem corta as unhas se desfolha. Elas crescem e extravasam, prolongando-nos. Unhas que formam vírgulas ou luas no seu estado crescente, e parecem encaixar-se nas abrangências. Vírgulas e luas cortadas, engolidas ou cuspidas boca fora. Que não param nem quando morremos, iludindo a própria vida. Nossas cinzas se expandem no ar, invadindo alcances figurativos, criando novos contornos. E o invisível se mostra. Não temos apenas limites e, sim, portas. Finas capas de incertezas.
Do livro Borges e outras ficções
Nenhum comentário:
Postar um comentário