ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Autografados e abandonados (4)

El dulce
daño,
Alfonsina

Storni
(1918)
Primeira

edição
autografado

(muito raro)

Alfonsina Storni foi uma poetisa argentina nascida na Europa em 29 de maio de 1892. Imigrou com os seus pais para a província de San Juan na Argentina em 1896. Em 1901, muda-se para Rosário (Santa Fé), onde tem uma vida com muitas dificuldades financeiras. Trabalhou para o sustento da família como costureira, operária, atriz e professora.
Seus primeiros livros de poemas foram “La inquietud del Rosal”, “El dulce dano” e “Irremediablemente”. Entre outros livros, destacam-se entre suas obras ‘Ocre”, “El Mundo de Siete Pozos”, “Mascarilla” e “trébol”.
Descobre-se portadora de câncer no seio em 1935. O suicídio de um amigo, o também escritor Horacio Quiroga, em 1937, abala-a profundamente.
Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir” (publicado logo de forma póstuma). Consta que se suicidou andando para dentro do mar — o que foi poeticamente registrado (com partes destes versos) na canção "Alfonsina y el mar" (veja o vídeo), gravada por Mercedes Sosa; seu corpo foi resgatado do oceano no dia 25 de outubro de 1938 em Mar del Plata (no lugar foi levantado um monumento). Alfonsina tinha 46 anos.


Vou dormir
(Encaminhado a um jornal como despedida e recebido após cometer suicídio)

Dentes de flores, touca de sereno,
Mãos de ervas, tu, ama-de-leite fina,
Deixa-me prontos os lençóis terrosos
E o edredom de musgos escardeados.

Vou dormir, ama-de-leite minha, deita-me.
Põe-me uma lâmpada à cabeceira;
Uma constelação; a que te agrade;
Todas são boas: a abaixa um pouquinho

Deixa-me sozinha: ouves romper os brotos
Te embala um pé celeste desde acima
E um pássaro te traça uns compassos

Para que esqueças… obrigado. Ah, um encargo:
Se ele chama novamente por telefone
Diz-lhe que não insista, que saí…

Agora que já sabe da história, veja o vídeo...





Um comentário:

Cassandra disse...

Um tesouro!

Este o poema que procurava.

¨Os seres entre si sonham com os sonhos dos outros.¨(F.Pessoa)

Beijo

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