ESCRITOS DO GABRIEL

(Tentar que nossas palavras sejam, através de nós ou, quiçá, apesar de nós.
Meus textos, meus rascunhos com erros... )



"Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."

Introdução do livro Música para Camaleões, de Truman Capote.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Só empresto o que puder presentear

"...Sem ordem, uma biblioteca seria um simples depósito de livros. Cada um revelado ao lado de outro, e este, ao lado de um terceiro, ramificando-se pelas prateleiras, ganha vida, multiplicando-se entre estantes e corredores, procurando a biblioteca ideal, completa, inconcebível. Quando a vida cai, o mundo se desvanece e ela, iluminada por vozes, vira paraíso. Livros abrem portas, entortam vigas e podem levar à liberdade absoluta. Na biblioteca descobri minha tábua de salvação, antídoto, lâmpada dos pedidos e desejos. Uma ilha, na qual ancorei. Uma ilha chamada livro, à qual gostaria que chegassem as respostas escondidas, quando tudo o que ela consegue fazer é me trazer mais desejos. Eles sacodem, mordem e me ferem como a mais dolorosa das desgraças, e me recuperam com o remédio diluído na tinta preta impressa no papel. No acúmulo e no desprendimento, achei companhia e consolo."

Trecho do conto "Só empresto o que puder presentear" (A culpa é do livro).

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