(Porque enamorar-se é um ato individual, e mesmo que a outra parte não saiba nunca, certas mudanças não podemos fingir nem ocultar...)
Veja,
minhas mãos criam ombros e braços,
e se abrem
de costas ao céu,
e sem vento voam
todas as gaiolas
com meus pássaros.
Onde escondo as asas?
Mãos calam outras mãos
alcançam outros espelhos
e se alongam imensas,
tremulas
como mar.
Veja
finjo que chego com meus pés,
que sou lento,
que não te quero
e não passo do chão.
Mas nem encosto nele,
voo estupidamente nu
neste céu inverso
e seu vazio de revelações.
É o instante que mostra
sem palavras,
com ausência,
cada pássaro na pele
que treme
no brutal silêncio.
Como volto ao chão?
Transparente,
vulnerável.
Nada parece meu
nem o exílio voluntário,
nem teu olhar escrito,
onde a mudez prende
as palavras neste prego.
Veja
Minhas mãos criam ombros e braços!
E se abrem.
Veja
Minhas mãos sem vento acendem!
Onde escondo as asas?
Um comentário:
Adorei! Dedicado a todos os amores anônimos que todo mundo alguma vez teve ou têm, e que ficam apenas no pensamento.
Postar um comentário